O luto pela morte do marido é também a oportunidade para Edna refazer o filme que foi a sua vida e encontrar por trás dessa aventura amizades e situações cujos enlaces costuram o passado histórico local à sua própria vida.
Para mim o filme é uma experimentação ficcional e documental, pretendendo apresentar uma narrativa híbrida, com ecos em variados formatos. Um estalo interno impulsiona uma narrativa que faz da história um ato de contar história. Dando ao sujeito o brinquedo da ficção para desvelar os percursos de si e da história oficial. No fundo, o filme deseja ainda que o espectador adote e assuma o que o filme é: entre ser uma ficção que documenta o estado histórico ou um documentário que se aproveita do informante para recontar a sua versão histórica de um fato, passeando pelas subjetividades e vivencias das pessoas. Em última instância, são atores ou pessoas comuns? Esse é o jogo do filme.
Selecionado para 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes o filme da Paraíba CERVEJAS NO ESCURO é o primeiro longa-metragem do projeto CIMM- Cinema no Meio do Mundo, e também o primeiro a ser filmado em Princesa Isabel-PB.
Realizado num mutirão criativo entre os profissionais do CIMM e os grupos culturais da cidade: Sound Clash, Abolição e Nova Geração. O longa é mais uma experimentação de linguagem do CIMM, dessa vez, articulando o hibridismo dos gêneros documental e ficção.
O resultado é uma surpreendente aventura pela história de Princesa – a Revolta de Princesa-, e a descoberta da protagonista, uma mulher comum, de meia idade, em aventurar-se na máxima glaubeana de uma “Câmera na Mão e uma Ideia na Cabeça”. Cervejas no Escuro dialoga com a verve modernista, com a escrita de vida, com o cinema e com o mundo de sonho que existe em cada um de nós.